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REPÚBLICA DO ESTUPRO

Homens Feministas

Homens Feministas explicam: Feminismo ainda é necessário porque tem gente (?) que acha graça em estuprar os outros

A menina foi estuprada e, por ter ido parar nas redes sociais, virou escândalo nacional e mundial. Assim mesmo, muitos homens já duvidaram da palavra dela até agora, mesmo com toda a pressão da sociedade civil em geral, e dos grupos organizados contra a violência da mulher e outros grupos pelos direitos da mulher, além da imprensa em geral. Todos seguindo a Cartilha do bomocismo, nem sempre por convicção. O primeiro delegado a escutá-la, especializado em crimes de web, duvidou da menina e nem sentiu a pressão geral, convencido de estar tratando com uma garota safadinha que não afetaria sua imagem. Calculou errado. Saiu tosqueado.  Os alertas estão no vermelho. Agora nove delegacias especializadas estão correndo atrás do prejuízo da imagem da polícia carioca. A gangue que estuprou a garota, aparentemente traficantes, pela descrição das armas que a menina contou, já deve estar na Bahia tomando água de coco, esperando a poeira baixar.

Estupradores felizes

Estupradores felizes em um país complacente – falta ética e inteligência!

Enquanto isso o país se revolve em debates pela condição de se descobrir um país conivente com estupradores. É bom ver homens de bem, acintosamente, se posicionando nas redes sociais contra os estupradores e apoiando a revolta geral. Isso é bom, necessário, mas não suficiente.

A cultura machista – toda ela, não apenas a brasileira é, sempre foi e sempre será, assassina. Ela se baseia numa percepção equivocada que a estrutura dos seres humanos teria alguma forma de hierarquia baseada na ilusão de que a força bruta ainda possa ser valor social, ou de qualquer natureza.  Machistas são assassinos em potencial, por se apoiarem numa pretensa superioridade física, tentando impor suas vontades e ideias. A cultura do machismo é, não apenas corrompida em suas bases éticas e civilizatórias, como intelectivas. Seus conhecimentos da genética, da biologia em geral, de etnias diversas e quaisquer outras formas culturais de convívio humano, são filtrados pela convicção de que eles estão no centro de uma formação social privilegiada por merecimento. Ignorância, arrogância e cinismo armam o machismo de morte.  A inferioridade dessa compreensão de mundo não os torna humildes, mas violentos. Sua defesa não pode usar o Logos, a palavra e a dedução lógica, por iniciarem seus argumentos sobre premissas falaciosas. A força bruta encerra argumentações das quais não conseguem defender, como aquele cara que quase matou a moça que o confrontava na calçada, com uma cotovelada que a pôs em coma por vários dias. Seu advogado disse para ele se humilhar, pedir desculpas, e mimimis, mas claro que ele não acredita em nada disso.

O país não é uma República de Estupradores, apenas porque em sua infinita ignorância, acredita numa nebulosa e auto impingida ilusão da inferioridade das mulheres, nem por serem por conta disso, condescendentes com a violência contra a mulher. O país é mantido nessa indigência intelectual de gênero, porque os homens, fragilizados em sua estrutura emocional e intelectual, não suportam verem suas inferioridades expostas e confrontadas.  É o mesmo princípio dos jihadistas islâmicos. Preferem acreditar que têm direito de matarem mulheres que desprezam seus afetos e potências (sic!) sexuais. No impedimento de garantirem uma condição de estabilidade a si mesmos, inventam uma pretensa honra como justificativa de domínio da força – seja por controle de circulação das parceiras, de auto-derterminação da sua eleita-vítima, ou até, o direito de invasão de seus corpos por estupro, garantindo espúrios direitos maritais, desejos incontroláveis (sic!), ou por imposição de parirem filhos que não desejam, como vergonhosamente acontece no Brasil com a Lei do Aborto, controlada por homens que não dão suporte às mulheres, sua prole e seus destinos – nossos suspeitíssimos e ilegítimos legisladores – religiosos ou não. Todos julgam terem mais condição de escolha e decisão sobre os corpos e  as vidas das mulheres, do que elas mesmas.  Sem apoio legal, religioso ou financeiro, as mulheres agem conforme suas consciências e abortam clandestinamente. Os homens e suas leis tornam-se apenas mais um empecilho descartável nesta república de leis de proteção aos privilégios masculinos.

Mulheres perfeitas

Esposas perfeitas – mulheres robóticas.

Essa República de Estupradores tem sido construída, alimentada e mantida com inúmeros sinais que aparecem em muitas frentes. E não é sem denúncia que essa canalhice se mantém.  Trata-se de uma sociedade que, depois de ter tido figuras livres e probas como Leila Diniz, o grupo de dança e shows Dzi Croquets, agora recuam para uma situação de malícia pudica e cheia de insinuações pecaminosas como são as imagens esdrúxula das Mulheres-Frutas e as meninas funkeiras, que longe de serem livres, são moldadas para satisfazerem cafajestes que culpam ‘as biscatinhas’  pelos maus-tratos que  sofrem. A estética da periferia não é ingênua. Essa imagem da nova mulher é tão acintosamente moralista quanto uma burca, pois identifica, aos gritos, os segmentos sociais a que se vinculam profissionalmente, financeira e emocionalmente.

Mulheres-Fruta

Mulheres-Fruta: covardia suja de um mercado canalha!

A construção de nichos morais disfarça e encobre o grande debate ético que escondem. Essa fragmentação possui a defesa da ‘diversidade’, mas a contradição está na visão ofensiva e degradada que sustentam com o engodo de um reconhecimento de mídia especializada e nicho de mercado que as usam como iscas sem, verdadeiramente, reafirmarem seus talentos.  Se valorizassem de fato o que defendem, não as descartariam tão rapidamente.

O mundo machista não se faz tosco e ignaro apenas nas condições naturais do animal fêmea da espécie humana. A ignorância aparente é mantida para não incorrerem na dúvida que os obrigaria a indagar sobre seus próprios comportamentos.  Quando Freud perguntou: “Mas afinal o que querem as Mulheres?”, não poderia responder, sob pena de reconhecer sua importância afrontada, seus desejos questionados e reduzidos, conforme vem ocorrendo à medida que o feminismo, pela lógica, vai ganhando espaço na compreensão social e na legislação constitucional, no Brasil e, muito mais do que aqui, na maioria dos países ocidentais.

Mas em descompasso do resto do mundo, que segue avançando direitos femininos, seja pela ação feminista ou não, o Brasil, desde os anos oitenta, vem sofrendo graves retrocessos culturais em muitas frentes de importância ligadas, diretamente, às liberdades de escolha da população, interferindo nos comportamentos sexuais, exposição valorativa e de gostos.

Dizem que “gosto não se discute”, mas se explica.  Hoje conhecemos o nível de manipulação dos meios de entretenimento de massa, conduzindo desejos por determinadas músicas e outras manifestações ‘artísticas’ de baixíssima sofisticação sonora, garantindo pensamentos e entendimentos abaixo do óbvio, na manutenção de consumos instantâneos com descartes também imediatos, alimentando uma máquina de mastigar cérebros via produtos de entretenimento repletos de mensagens de controle, de limitação imaginativa e com conseqüências criminosas no desenvolvimento de um povo, que angariava fama de ter produzido grandes obras populares de altíssimo nível e todas as linguagens.

A Indústria de Entretenimento, no entanto, não passa de mais um dos elementos que provocaram um retrocesso visível em todos os níveis no desequilíbrio que cortou o avanço da compreensão do lugar da mulher numa sociedade que se entende diversa, igualitária e justa. As desculpas são de ordem religiosa – as mais vergonhosas e mentirosas, além da publicidade que realimenta um viés doentio sobre a aparência feminina qualificando, setorizando e conduzindo discursos de censura e controle, de parte a parte.

A própria ideia de família tão questionável, tratada de forma tosca, limitante  e violenta por nossos legisladores e religiosos, não ganhou transparência nem na condição de companheirismo sobre as relações eróticas que são a base das formações e escolhas amorosas e familiares. O que antes era acobertado sob vergonha pública, hoje é tornado público como troféu. Refiro-me à compra de moçoilas ignaras, manipuláveis, belas, quase sempre loiras ou que se aloiram, mantidas às custas de gordos cartões de crédito e toneladas de Viagras, já que as diferenças de idade, em geral, passa de quarenta anos.

Collor e Caroline Medeiros

Collor e Caroline Medeiros: Viva o Viagra e o Cartão de Crédito com emendas parlamentares ou seria Petrodólares?

A mesma vaidade canalha e covarde que expõe a manipulação do corpo de uma menina, vítima de estupro em redes sociais, também expõe bullings monstruosos sobre meninas na idade escolar, até às moças que ousam pensar e agir fora dos padrões e são estigmatizadas por homenzinhos fofoqueiros, mesquinhos e controladores de plantão.  Jovens mulheres são acossadas nos metrôs, desrespeitadas em áreas públicas e mesmo nas áreas de proteção institucionais como clínicas médicas e escolas, por estarem sob um manto dessa deformidade ética que protege homens a manterem essa falsa percepção de superioridade.

A República do Estupro instaura uma sociedade onde homens de baixíssima capacidade sensitiva e empatia em todos os sentidos, valorizam a competição e, portanto, avessos à intimidade e a solidariedade, produzindo uma organização social que impõe a busca hedonista deturpada como base na obtenção de poder, prestígio, vantagens.  Suas mulheres não passam de ser um de seus itens nesta lista de deleites que lhes valorizam o passe nesta sociedade machista. Essa visão é alimentada por uma publicidade calhorda, por religiões cúmplices e na produção de leis ditas capitalistas, onde a desigualdade de condições  permite que se roube mais de 30% do valor de mercado da mão de obra feminina, ainda quando se sabe que sua capacidade de desdobra na manutenção dessa mesma organização societária, da qual  os homens mesmos, se beneficiam

Renan bancando amante e filho com o imposto nacional

Renan bancando amante e filho com o imposto nacional: morre de vergonha!

 

Mônica Veloso e o Santo Viagra

Mônica Veloso e as mulheres-rifa!

Na mesma linha de valores mesquinhos e infantilizados, nossa classe dominante, representante da população que impõe sua voz, trata de reafirmar gostos e desejos de forma cada vez mais rasteira e justificada. A imprensa, sempre conivente com conservadorismos morais, corre para dar suporte a tipos de mulheres com ranços medievais, como o vergonhoso jargão do “Bela, Recatada e do Lar” dado a uma moça de olhar ausente, indiferente e fútil, que hoje figura, ridiculamente, como a imagem da esposa que representa o país.

Temer e a neta Marcela

Temer e a neta Marcela, ups, primeira dama 😉

Embora anacrônica e absurda em relação ao resto do mundo, o Brasil, cada vez mais religioso, cada vez mais machista, mais covarde, cada vez mais bem embrutecido pela imposição de uma hierarquia sobre as mulheres, chega agora, a uma formação de governo exclusivamente masculina, onde apenas  brancos, héteros (será?) e aristocráticos maridos de mocinhas, numa franca preferência pela beleza fresca, jovem  e de pouca interferência, decidirão o que é bom para nós, um país tão complexo e diverso como o Brasil. Agora, enquanto caem seus ministros-peões, perfumados e com ares nobiliárquicos, desnudam-se suas esposas-meninas na demonstração de escolhas de parcerias sexuais, que se distanciam de suas vivências e intimidades. Intimidades construídas longe de vivências geracionais e culturais compartilhadas que, fatalmente, estabelece e facilita, a imposição da superioridade de uma ‘experiência’ que se impõe apenas na aparência, pois suas covardias ficam estampadas juntamente com nossa fragilidade societária.

Iminência parda da República do Estupro

Iminência parda da República do Estupro: Jesus é testemunha!

O acinte ofensivo de terem ousado construir uma administração governamental alijando o conhecimento, experiência e ponto de vista de mais de 50% da população nacional, as mulheres, sem mencionar outras etnias e outras orientações sexuais, comprova o nível raso e distante que estes homens suportam. Acostumados a um clube de bolinhas que lhes diz amém, agora assistimos a um time que deveria se impor por sua inteireza sobre os erros da administração anterior, mas que se faz equivocado desde o princípio, por exclusão da mulher, atestando a visão estreita e desonrosa que alimentam, secretamente, contra elas.

Numa desumana, desigual, desleal e cruel sociedade brasileira, tão cheia de monstruosidades, roubos, saques de impostos por seus agentes públicos, e um índice sempre crescente de feminicídios e abandonos de lares (estes os verdadeiros abortos perpetrados por homens que ‘desistem’ de seus filhos, esposas e famílias), os machos (não os homens),  justificam uma ignominiosa superioridade masculina no desejo de garantir a perpetuação da violência, do abandono, da ignorância e do estupro como controle de poder.

Na vida real mulher é sua própria majestade. O resto é manipulação!

Na vida real mulher é sua própria majestade. O resto é manipulação!

Mas enquanto os homens não comprarem a luta feminista por uma sociedade mais humana, homossexuais, negros, índios e outras formas diversas de se estar e contribuir ao mundo, não serão implantados. Aos homens não machistas, temos de clamar por sua cumplicidade permanente e ativista para a reversão desta condição abjeta de estarmos formando um mundo degradado e indigesto a todos os humanos. E aos machistas que não ousam admitir seu desprezo pelas mulheres, que se libertem e vivam unidos, longe delas, porque,  como ensinou meu pai, solidário, corajoso e feminista avant la lettre : “Macho que é macho só ama macho!”.

GLÁUCIA DE CASTRO PIMENTEL

 

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