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Ulisses e Odisseus

Peça Ulisses Odisseus

Peça Ulisses Odisseus

No Espaço Parlapatões assisti a uma peça baseada na obra de Homero, a Odisseia. A peça chama-se Ulisses/Odisseus, e foi feita uma releitura em contraponto aos tempos atuais, reconhecível pelas marginais ensandecidas na hora do rush.

A peça é perturbadora por reproduzir longas partes da Odisseia, não apenas em seu roteiro, mas também na linguagem, o que faz o ritmo oscilar, mas sem cair realmente. O ator é bom, maduro, cheio de recursos e não hesita em se expor para dar conta de tantos personagens da grande saga de Homero. Mas ele não está só: com poucos recursos, a exploração de ambientes construídos à partir de sons, luzes e efeitos gráficos se sucedem, alguns com soluções muito surpreendentes, como a construção de cavernas e tempestades, a partir de um velho retroprojetor (!) que ilumina um pirex básico onde várias mágicas acontecem a partir de água, óleos, corantes e outras louças em movimento.

Com um cenário pobre e referente ao universo dos carros em trânsito – trajetos e desvios de rotas num diálogo óbvio com a volta pra casa dos cidadãos em verdadeiras sagas pelos perigos da noite, os Unisses contemporâneos se vêm entre tempestades, enchentes repentinas, assaltos, vandalismos, agressividades, riscos de vida e morte …. cujo herói homérico salta de um mundo a outro recorrendo às calotas de rodas recortadas como máscaras do velho teatro do século V a.C. em suas tragédias gregas.

Outro recurso cênico eficiente foi a capa que faz o personagem jogar de um ponto a outro torcendo panos…. sagaz – efeitos simples pra contar uma história que, afinal, já conhecemos aos nacos, vazadas pela memória, num tom intimista.

A peça Unisses/Odisseus é lavada pelo ator Rene Ramos com valentia e consegue, apesar de alguns constrangimentos (como quando usa a voz em falsete), mas são raros momentos. No todo a saga convence e o ator também.

Foi uma boa leitura de uma velha saga, trazendo o herói para nossa empatia imediata. Valeu o espetáculo.

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